
Em 2020 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstrou que a população idosa no Brasil vem crescendo a cada ano. Observamos um prolongamento da pirâmide etária de forma que idoso longevos, isto é, acima de 80 anos, tem hoje sua capacidade física e mental mantida e priorizada no cuidado.
Com mais pessoas envelhecendo, o foco do cuidado é, principalmente, na prevenção de doenças que possam causar incapacidades e futuras hospitalizações. Neste sentido, o papel do médico geriatra é lidar com a complexidade dos problemas dessa fase da vida, contribuindo para manter ou melhorar a qualidade de vida do idoso.
Entre os principais objetivos estão o gerenciamento da saúde, manutenção do envelhecimento bem-sucedido, preservação e recuperação da autonomia funcional e independência desses indivíduos, considerando suas limitações de forma individual e e única.
Durante o processo do envelhecimento, algumas capacidades fisiológicas sofrem alterações, se intensificando com o decorrer dos anos, como por exemplo alterações na composição musculoesquelética, diminuição gradativa da força muscular, equilíbrio e coordenação que de forma geral podem resultar e predispor a um risco aumentado de quedas.
Entre os fatores relacionados ao risco de quedas estão o aumento da idade, a predominância no sexo feminino, as etnias brancas e amarelas – mais propícias a fraturas, presenças de síncope, múltiplas comorbidades, uso indiscriminado e excessivo de medicamentos. As quedas da própria altura são o tipo mais prevalente e em geral acontecem em casa, por exemplo, por ausência de corrimão em escadas, barras de apoio e superfícies não escorregadias no banheiro, além de iluminação inadequada. Sua prevenção é fundamental e necessária, evitando complicações como fraturas e hospitalizações.
A avaliação de uma equipe interdisciplinar auxilia na organização de um ambiente físico e psicossocial propício com intervenções para a melhoria da condição de vida do idoso. Assim a equipe consegue avaliar, por exemplo:
– Ajuste de ambientes domiciliares com estratégias de apoios e superfícies não escorregadias;
– Ajuste de iluminação em quartos e locais onde o idoso transita;
– Adequação da mobília e fiações, retirando possíveis mecanismos de tropeços ou escorregões;
– Avaliação dos sapatos usados pelo idoso;
– Avaliação das comorbidades existentes e medicações usadas.
Ao pensarmos em promoção da saúde do idoso e prevenção de agravos, tais estratégias devem ser estabelecidas e acompanhadas em todos os níveis de cuidado, de forma a estimular a população a manter uma vida mais independente e autônoma.
Por Dra. Yara Nippes
Geriatra – Biosete Clínicas